Cuidar da saúde cardíaca é cuidar ao mesmo tempo dos demais órgãos, uma vez que o coração é o responsável por bombear o sangue para todo o corpo. Pensando nisso, é preciso adotar medidas que ajudem a evitar algumas doenças que comprometem a saúde do coração. O diabetes é uma dessas doenças. É um baita vilão para nossa saúde cardiovascular!
Atualmente, cerca de 13 milhões de brasileiros são diabéticos e estima-se que em 2030 esse número já terá atingido 21,5 milhões. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), 41% destas pessoas tomam medicamentos, 29% fazem apenas dieta, 23% não seguem nenhum tratamento e 7% são dependentes de insulina.
Quer saber mais sobre o assunto? Continue a leitura!
Você sabia que o diabetes pode afetar o coração?
A principal característica do diabetes são os altos níveis de glicose no sangue. O organismo do diabético não produz o hormônio insulina em quantidades suficientes ou não consegue utilizar a insulina adequadamente.
Existem dois tipos de diabetes:
– diabetes tipo 1: corresponde a 10% dos casos. O corpo produz anticorpos que atacam de forma equivocada as células do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Ou seja, pouca ou nenhuma insulina será produzida no portador de diabetes tipo 1. Esse tipo de diabetes é mais comum em crianças e adolescentes, mas também pode ocorrer na idade adulta.
– diabetes tipo 2: corresponde a 90% dos casos. Ocorre principalmente na idade adulta. Essa doença geralmente vem associada a outras, como sobrepeso, obesidade (principalmente a obesidade visceral – da região abdominal), dislipidemia e hipertensão arterial sistêmica.
Muitas pessoas não associam o diabetes a problemas cardíacos, porém é fundamental se atentar aos efeitos dessa patologia e à sua relação com as doenças do coração.
Um diabetes mal controlado pode afetar os nervos, vasos sanguíneos e órgãos, em especial os olhos, os rins e o coração. A hiperglicemia crônica leva à inflamação e deposição de gordura na parede dos vasos sanguíneos (aterosclerose), o que aumenta de forma significativa o risco de doenças cardiovasculares, como o infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e a doença vascular periférica.
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Nos pacientes diabéticos, a prevalência dessas doenças é muito maior! O risco de um indivíduo diabético sofrer um infarto é 40% maior nos homens e 50% maior nas mulheres, em comparação a indivíduos não diabéticos.
Segundo uma pesquisa realizada pela International Diabetes Federation (IDF) e publicada no portal da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), até 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 morrem por causas atreladas a problemas cardíacos.⠀
Sinais e sintomas do diabetes
Muitos diabéticos convivem durante anos com a doença, sem apresentar sinais ou sintomas, sendo diagnosticados apenas ao fazerem um exame de sangue de rotina ou quando passam por um atendimento médico hospitalar de urgência, onde é detectado ao acaso um nível elevado de glicose no sangue.
Os sintomas clássicos da doença incluem:
- excesso de sede (polidipsia)
- excesso de urina (poliúria)
- excesso de apetite (polifagia)
Pacientes diabéticos têm maior chance de sofrer um infarto sem a ocorrência da dor no peito típica, com queimação ou aperto. Durante um infarto, o diabético pode ter sintomas que são confundidos com hipoglicemia, como suor frio, mal-estar, palidez, tontura e náuseas.
Há também casos de infarto em pacientes com diabetes que não sentem qualquer dor, o que dificulta o atendimento rápido e pode causar danos maiores ao coração. A ocorrência de infartos sem dor nos diabéticos provavelmente está relacionada a lesão da inervação cardíaca pelo diabetes, a neuropatia diabética, que altera o limiar de dor nesta população.
Tratamento do diabetes
A melhor forma de se prevenir de um infarto é realizando o tratamento do diabetes da maneira correta, controlando rigorosamente as taxas de glicose no sangue. Dessa forma, o paciente evita a inflamação da parede das artérias, a formação de placas de colesterol e alterações que facilitam o rompimento dessas placas, que é a causa do infarto do miocárdio.
O tratamento do diabetes é baseado em mudanças no estilo de vida (diminuir o estresse, cessar o uso de cigarro, controlar a pressão arterial e o peso, fazer exercícios físicos e ter uma alimentação balanceada), podendo ser necessário o uso de medicações indicadas por um especialista.
O tratamento pode ser realizado com o uso de medicamentos por via oral e/ou medicamentos injetáveis, como a insulina, por exemplo. Vale ressaltar que todo o tratamento de uma doença crônica requer muita disciplina por parte do paciente.
Prevenção
A prevenção continua sendo a melhor forma de se evitar a diabetes e as doenças cardíacas. Controlar o peso, praticar atividades físicas regulares e investir em uma alimentação saudável (veja aqui o que evitar) são algumas medidas que fazem toda a diferença.
O ideal é realizar uma atividade física completa, que envolva trabalho aeróbico, musculação e alongamento, juntamente à mudança alimentar.
A importância de agendar uma consulta com um cardiologista
Sabendo de tudo isso, vale dizer que agendar uma consulta com cardiologista regularmente é fundamental para avaliar a sua saúde e o seu coração, tanto para prevenir, quanto para diagnosticar doenças cardíacas de forma precoce, uma vez que a maioria dos problemas cardíacos são silenciosos e algumas de suas manifestações podem ser confundidas com outros problemas de saúde.
Além disso, a consulta com cardiologista não é sinônimo de doença, muito pelo contrário. As consultas regulares com o médico especialista devem ser vistas como promoção de mais saúde, bem-estar e qualidade de vida.
Confira aqui outros hábitos que prejudicam a saúde do coração.
Dra. Ana Raquel Superbi Vidal
Cardiologia e Ecocardiografia
CRM-MG 54452 | RQE 53096