Quem nunca ficou preocupado ao sentir dor no peito? Esse sintoma comumente nos aflige pois logo o associamos a algum problema no coração.
Mas, você sabia que a dor no peito nem sempre é sinal de doença cardíaca? Ela também pode ser causada por doenças do sistema digestivo ou respiratório, acometimento osteomuscular ou até mesmo ser um indicativo de que há algo errado com a nossa saúde mental.
Neste artigo eu vou te apresentar as principais causas de dor torácica aguda. É válido ressaltar que esse conteúdo não substitui a avaliação por um médico, sendo de extrema importância que você procure um profissional sempre que sentir algum desconforto mais expressivo ou diferente do habitual.
Vamos lá?!
10 possíveis causas de dor no peito
- Angina estável
A angina estável (angina pectoris) é causada por um estreitamento nas artérias coronárias, que são os vasos que irrigam o músculo cardíaco. A dor é um sinal de que o coração está recebendo menos oxigênio e nutrientes do que precisa.
O desconforto habitualmente tem caráter de pressão, aperto ou peso no peito, podendo também se apresentar como uma sensação de estrangulamento ou queimação. A dor pode ter irradiação para a mandíbula, braços e dorso, podendo ser acompanhada por falta de ar, suor excessivo, náuseas ou perda da consciência.
O indivíduo pode conviver com a angina estável durante um longo período, pois ele será assintomático na maior parte do tempo. Os sintomas surgem classicamente ao esforço físico ou estresse emocional. A dor não costuma se modificar com a respiração ou movimentação do tronco e a duração geralmente é menor que 10 minutos.
- Infarto
Sem dúvidas o infarto é a primeira doença que vem à nossa cabeça quando sentimos dor no peito. Em sua maioria, é causado pela ruptura ou erosão de uma placa de gordura presente na parede de uma artéria coronária, seguida pela formação de um trombo no local e obstrução parcial ou total do vaso sanguíneo.
A dor neste caso costuma ter duração superior a 10 minutos e pode ter início após esforço físico ou estresse emocional, mas também em repouso. As demais características da dor são semelhantes às da angina estável.
- Tromboembolismo pulmonar (TEP)
O tromboembolismo pulmonar (ou embolia pulmonar) é caracterizado pela obstrução das artérias pulmonares por coágulos. Na maioria das vezes, esses coágulos são formados nas veias profundas das pernas ou da pelve, caem na corrente sanguínea e vão se instalar nos pulmões.
A dor torácica costuma ter um início súbito e pode ser agravada com a respiração profunda. É possível que ocorra tosse seca ou com sangue, aceleração da respiração e dos batimentos cardíacos, coloração azulada da pele e das unhas, e até febre.
Os principais fatores de risco para a embolia pulmonar são: imobilidade prolongada (pacientes acamados), trauma ou pós-operatório recente, câncer, reposição hormonal ou uso de anticoncepcional com estrógeno, varizes, obesidade, tabagismo, insuficiência cardíaca e distúrbios na coagulação do sangue.
- Pericardite
A pericardite é uma inflamação do pericárdio, membrana que envolve o coração. Em sua forma aguda, classicamente se manifesta como uma síndrome febril acompanhada por dor no meio do peito, que pode se irradiar para o dorso e a mandíbula. O sintoma pode variar com a respiração ou posição do tórax (tende a piorar quando o indivíduo se deita e a melhorar em posição sentada e com o tronco inclinado para a frente).
Pode ocorrer um acúmulo de líquido em volta do coração, chamado de derrame pericárdico. Quando essa lâmina de líquido é muito grande, a função cardíaca pode ficar comprometida.
As causas de pericardite podem ser divididas em infecciosas e não-infecciosas. Entre as infecciosas, a pericardite viral é a mais comum. As principais causas não infecciosas são as doenças autoimunes, câncer, doença renal crônica, pós-operatório de cirurgia cardíaca e pós-infarto.
- Miocardite
A miocardite é uma inflamação do músculo cardíaco. Sua manifestação clínica é bastante variável, podendo se apresentar como um quadro arrastado de dilatação e queda na função do coração com poucos sintomas, mas também de forma aguda, com dor torácica simulando a de um infarto, palpitações, desmaio, tontura, sinais e sintomas de insuficiência cardíaca franca e até mesmo morte súbita.
O quadro secundário a uma infecção viral é a forma mais prevalente, podendo também ser causada por infecções bacterianas e por protozoários, como na doença de Chagas. Entre as causas não infecciosas, podemos citar as doenças autoimunes, sarcoidose, cardiomiopatia periparto e algumas medicações (como as utilizadas em quimioterapia, no tratamento de tuberculose, infecção pelo HIV, anfetaminas, dentre outras).
- Arritmia cardíaca
Em algumas situações, a dor no peito pode estar relacionada a alguma arritmia, que pode fazer o coração bater de forma muita lenta ou muito rápida, comprometendo a chegada adequada de oxigênio às células do músculo cardíaco.
- Pneumonia
A pneumonia é uma infecção nos pulmões que pode se manifestar com dor no peito, geralmente quando se respira fundo. Além desse sintoma, é comum haver febre, calafrios, falta de ar, prostração e tosse.
- Dor musculoesquelética
A dor musculoesquelética pode ser causada por lesões nos músculos, ossos, cartilagens, tendões, ligamentos e bursas. Ela pode estar relacionada a traumas, prática de exercícios físicos mais intensos, movimentos repetitivos, alterações posturais, fraturas, entorses, inflamações e até situações de estresse.
Nestes casos, a dor costuma ser exacerbada por certos movimentos do tórax e ao respirar profundamente. Em geral, o indivíduo consegue delimitar bem o local da dor e ela por ser tanto fugaz (com duração de segundos) ou mais prolongada, com duração de horas ou dias. Pode haver acentuação da dor à palpação do local acometido.
- Doenças do sistema digestivo
A dor no peito decorrente do acometimento do sistema digestivo costuma surgir repentinamente e pode ser acompanhada por náuseas, vômitos e queda do apetite. Refluxo gastroesofágico, esofagite, espasmo esofágico, gastrite e úlceras são alguns exemplos.
A colelitíase, caracterizada pela presença de cálculos na vesícula biliar (“pedra na vesícula”), pode se manifestar como uma dor aguda e contínua localizada abaixo das costelas direitas ou acima do umbigo, podendo apresentar irradiação para a parte posterior do ombro direito. Muitas vezes essa dor ocorre após a ingestão de alimentos gordurosos.
- Ansiedade
A ansiedade é cada vez mais comum entre os brasileiros. A sensação de medo e a preocupação constante podem resultar em aperto no peito ou na garganta, falta de ar, palpitação, tremores e sudorese.
Sinais de alerta: situações em que você deve se preocupar com a dor no peito
Como nós vimos, a dor no peito pode representar desde um quadro simples até um problema de saúde mais grave.
Veja as principais situações em que você deve se preocupar com esse sintoma:
- Quando a dor é acompanhada por falta de ar
- Quando a dor tem início após esforço físico ou estresse emocional
- Quando a dor é recorrente
- Quando a dor é mais prolongada (dura mais que 10 minutos)
- Quando a dor é acompanhada por mal-estar, suor frio e tonturas
Não deixe de procurar atendimento médico na presença de um ou mais desses sinais de alarme. O diagnóstico precoce é extremamente importante para a redução da morbimortalidade por doenças cardiovasculares.
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E, se você se identificou com algum dos sintomas mencionados acima, não deixe de agendar sua consulta.
Dra. Ana Raquel Superbi Vidal
Cardiologia e Ecocardiografia
CRM-MG 54452 | RQE 53096